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Desenvolvendo a nossa salvação

DESENVOLVENDO A NOSSA SALVAÇÃO

 

Filipenses 2.12-13

 

 

1. INTRODUÇÃO

 

 

Paulo escreveu essa carta enquanto estava preso em Roma. Os detalhes desse tempo estão descritos no final do livro de Atos.

 

 

O objetivo principal de Paulo com essa carta era agradecer pelo apoio que lhe deram enquanto estava preso e animá-los a se manterem unidos e a se ajudarem mutuamente em Cristo.

 

Filipos não aparenta ser uma igreja “problemática”, pois Paulo não se concentra em muitas exortações e repreensões. Pelo contrário, ele faz muitos elogios ao testemunho dos irmãos filipenses. Mas ainda sim, Paulo não perde a ocasião e faz recomendações a Igreja.

 

 

O capítulo 2 começa com um chamado à unidade da Igreja. E Paulo fundamenta esse chamado na humildade (1-4). E como o grande exemplo de humildade, ele traz o próprio Cristo (5-11).

 

 

Após citar o exemplo de Cristo ele continua suas recomendações focando na obediência com a qual Jesus demonstrou a sua humildade. Paulo vai frisar que os irmãos sempre foram obedientes na

 

presença dele, e mais ainda na sua ausência por causa da prisão (12a).

 

 

Então, aqui, chegamos no ponto central da nossa meditação de hoje (12b-13). Confesso aos irmãos que passei uns bons anos evitando esse texto, pois tinha muita dificuldade de entendê-lo.

 

 

Olhando superficialmente, podemos ter a impressão de ser uma contradição. Sou eu ou é Deus quem faz?

 

 

Ora, olhando os ensinamentos de Paulo ao longo do Novo Testamento, constatamos que ele não é um defensor da salvação por meio das obras da lei (Gl 2.16). Então, podemos descartar imediatamente essa

 

idéia.

 

 

Do que se trata então?

 

 

2. DESENVOLVAM…

 

 

Paulo não disse: Conquistem, consigam ou façam por merecer a sua salvação. Ele disse: Desenvolvam! Ou seja, nossa tarefa não é obter ou conquistar nossa salvação.

 

 

Paulo já havia ensinado que a salvação é unicamente pela fé em Jesus Cristo. A nossa salvação é um ato de Deus. Ele fez tudo o que é necessário nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

 

 

O Pai enviou o Filho. Deu a ele a missão de viver uma vida humana perfeita, sem pecado. Para que no fim, o Pai derramasse sobre ele toda a ira santa e justa que os pecadores merecem. O Pai enviou seu filho para viver uma vida santa e depois despejou sobre ele o castigo dos pecadores.

 

 

O Filho obedeceu. Se humilhou e foi obediente até a morte, “e morte de cruz”.

 

 

O Espírito Santo veio como o novo Consolador. É ele que nos convence do pecado, da justiça e do juízo. E é ele que, mesmo sendo Deus, consente em morar dentro de nós, como selo e garantia da nossa herança em Cristo (Ef 1.13-14).

 

 

 

Esse é o processo de justificação. Ou seja, onde nós, pecadores merecedores da condenação, somo declarados justos, não porque somos justos, mas porque a justiça de Deus sobre os nossos pecados foi aplicada sobre Jesus na cruz.

 

 

Não existe nenhuma participação nossa nesse processo. Foi tudo feito por Deus e nos dado gratuitamente. É gratuito para nós, mas custou um preço altíssimo para Deus!

 

 

Mas, após a nossa justificação, nós não somos levados diretamente para o céu. Não é uma máquina de “salva, embrulha e manda”.

 

 

 

Com a justificação, Deus nos salvou da condenação do pecado, mas ele tem propósitos com a nossa salvação (14-16). Vejam a “letrinha” antes de luzeiros no mundo aí na sua bíblia e veja para onde ela aponta (Mt 5.14-16).

 

 

Ao sermos salvos e adotados na família de Deus como seus filhos, Deus espera de nós obediência. Essa obediência não é causa da nossa salvação, é consequência e evidência.

 

 

Os filhos de Deus estão em processo de aperfeiçoamento. Em processo de transformação. Estão sendo moldados para se parecerem com Jesus.

 

 

 

É desse processo que Paulo está falando quando diz: desenvolvam a sua salvação. É o processo que se segue à justificação: a santificação.

 

 

3. TRABALHO EM EQUIPE

 

 

Mas, até aqui, a aparente contradição não foi esclarecida. Sou eu que faço ou é Deus que faz?

 

 

Diferentemente da justificação, a santificação é um processo onde trabalhamos juntamente com Deus. Sem o trabalho de uma das partes, o resultado não é obtido. Ou seja, se eu não fizer nada,

 

não serei santificado. E se Deus não fizer, eu também não serei. Mas o versículo 13 nos dá a garantia de que Deus sempre fará a parte dele.

 

 

Um pastor e teólogo americano chamado Joel Beeke fez a melhor analogia que conheço desse trabalho conjunto. É a analogia do trabalho de uma lavoura. Se o lavrador não arar, adubar e preparar a terra. Se ele não plantar a semente. Com certeza não haverá lavoura. Por outro lado, se o lavrador fizer tudo isso, mas Deus não enviar as chuvas e o clima favorável. Se ele não impedir as pragas. Mas uma vez, com certeza não haverá lavoura.

 

 

Com a nossa santificação é a mesma coisa. Temos algo a fazer. Temos tarefas

 

a realizar. E isso com a promessa de que Deus SEMPRE fará a parte dele.

 

 

4. AS NOSSAS “TAREFAS”

 

 

Vejam que as “tarefas” estão entre aspas, pois a analogia com a lavoura não é perfeita, e pode passar a idéia de que a nossa parte no processo de santificação seja pesada e árdua como arar e adubar uma terra para a lavoura.

 

 

A nossa parte nesse processo tem a ver com o propósito de Deus na criação e na salvação: relacionamento.

 

 

Deus criou o universo e o homem para ter

 

relacionamento com ele. Pai, Filho e Espírito Santo vivem, de eternidade a eternidade, em um relacionamento perfeito e harmonioso de amor e santidade. O Deus triuno, graciosamente, quis estender esse relacionamento a mais pessoas e por isso criou o ser humano. Lembram-se que Deus andava pelo jardim do Éden (Gn 3.8)?

 

 

Então o ser humano decide desobedecer e então é separado de Deus pelo pecado. O relacionamento foi prejudicado por conta da transgressão. A morte entrou na criação e o ser humano foi expulso do jardim.

 

 

A obra de Cristo também é chamada de obra de reconciliação (2Co 5.18-19). Isso

 

significa que o propósito de Deus ao nos justificar é restaurar o nosso relacionamento com ele. E é nesse relacionamento que somos santificados. Nossa “tarefa” é muito mais um privilégio do que um trabalho. Nossa “tarefa” e mantermos um relacionamento de amor, gratidão e confiança com o Deus que nos salvou.

 

 

E como nos relacionamos com Deus? Simples: nós falamos com ele por meio da oração e ele fala conosco por meio da Palavra! Oração e estudo da Palavra são a chave do relacionamento com Deus e o caminho para a nossa santificação (Jo 17.17 e Mq 6.6-8).

 

 

Se não fizermos isso, não adianta esperar

 

que nossa vida se transforme. O cristão que espera a santificação sem orar e estudar a bíblia é como o lavrador que espera uma safra abundante sem arar a terra e jogar a semente.

 

 

Deus nos incluiu na família dele por meio da adoção em Cristo. Imagine o quão estranho é um criança ser adotada mas ignorar totalmente seus pais adotivos!

 

 

5. CONCLUSÕES E APLICAÇÕES

 

 

a) Para os não cristãos:

 

 

Não há nada que você possa fazer para fazer as pazes com Deus. Todo ser

 

humano que já andou nessa terra, com exceção de Jesus, é pecador e merecedor da morte e da ira de Deus. O único caminho para ser reconciliado com Deus é por meio da obra realizada por Jesus na cruz. Desista da sua própria justiça. Desista de merecer o favor de Deus. Renda-se! Arrependa-se e creia no sacrifício de Cristo para o perdão dos seus pecados.

 

 

b) Para os cristãos:

 

 

1. A santificação é um processo para quem foi salvo. Não espere que a sociedade caída, ou que pessoas não regeneradas tenham comportamento santo. O caminho para uma transformação da sociedade é a pregação

 

do Evangelho da salvação. Protestos, boicotes ou qualquer outra demonstração de indignação são inúteis para uma mudança de valores na sociedade.

 

 

2. Se não temos um relacionamento com Deus, de fato, por meio da oração e da Palavra, precisamos nos questionar o porquê. Essa falta de relacionamento é como uma luz vermelha se acendendo no painel da nossa vida cristã. É preciso parar e avaliar o que está errado.

 

 

3. A nossa salvação depende unicamente de Deus, mas a nossa santificação depende do nosso relacionamento com ele. Não podemos confundir as coisas e cair no erro de que nossa salvação depende do nosso desempenho ao longo

 

da vida cristã. O caminho da santificação é um caminho para quem já foi justificado, ou seja, já foi salvo.

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